Sorrir, engatinhar, segurar, falar, coordenação motora, movimento de pinça… E a filha da vizinha começou a andar com 9 meses e a minha, com 1 ano e 3, ainda não deu sinais. Pode? Pode, sim. Cada criança tem seu tempo. A frase exaustivamente ouvida e repetida nas rodinhas de mães e pais nem sempre convence, mas faz todo o sentido no que chamamos de desenvolvimento infantil.
Existem alguns casos, é claro, que um alerta vermelho deve ser ligado. “É um trabalho de percepção. Se uma criança não se interessa por nenhuma atividade ou não se concentra em nada, já fico prestando a atenção nela. Quando, apesar de já ter idade, a criança não consegue executar tarefas mais fáceis ou simplesmente não presta atenção nos comandos, pode ser sinal de que existe hiperatividade ou déficit de atenção, por exemplo”, explica Rhana Nouvel, professora de educação física com especialização em psicomotricidade da nova creche-escola Kindergarten Recreio.
Para Rhana, no entanto, não se pode rotular uma criança sem que antes seja feita uma avaliação criteriosa. “Passei por isso em casa. Minha filha começou a andar tardiamente. Eu a estimulava muito, mas ela simplesmente não queria andar. Levei-a a vários médicos e todos eram taxativos: ela não tinha problema nenhum. Era só o tempo dela”, conta. De uma hora para outra, a menina andou. “Apesar de ter conhecimento profissional, quando se é mãe, tudo muda. Ficamos preocupadas mesmo, e por isso entendo quando as mães de alunos comparam seus filhos com outras crianças ou ficam achando que tem algo de errado com seus pequenos. É normal. Mas o importante é respeitar os limites de cada criança e observar se ela está, mesmo que aos poucos, evoluindo”, avisa.
Rhana explica que, muitas vezes, é preciso saber mudar o tipo de estimulação para alcançar o resultado esperado: “Se em uma aula tento estimular o engatinhar em uma turma de berçário, por exemplo, e eles não aceitam bem os estímulos, na outra, mudo e trabalho a coordenação motora fina. Se eles não estão preparados para determinada atividade, vão reagir melhor a outras. E assim conquisto a confiança deles e sigo conseguindo incentivar o desenvolvimento.”.
Segundo a profissional, o importante é não deixar de incentivar: “Psicomotricidade não é um jogo de ganha e perde, nem tem certo ou errado. Nós entregamos o material nas mãos das crianças e falamos o que queremos que elas façam. Mas, muitas vezes, elas conseguem alcançar o mesmo objetivo fazendo de outro jeito, por outro caminho. Eu mesma aprendo muito com elas. Isso é o mais legal. É sempre uma troca.”.
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