Com apenas 28 anos de idade, há sete anos Carolina Barra trabalha como educadora e há cinco se dedica apenas a alunos da educação infantil. “Gosto de trabalhar com crianças”, explica a professora de inglês da creche-escola Kindergarten Recreio. Para Carolina, muito mais que dar aula, para ensinar um idioma diferente para alunos tão pequenos é preciso fazer com que eles mergulhem em um universo lúdico. “Eu chamo de vivência. Quando entro em sala, falo inglês 100% do tempo. Canto, toco ukulele (parte de que os pequenos mais gostam), proponho brincadeiras e jogos de acordo com as faixas etárias”, detalha. E explica: “Em nenhum momento peço para alguém repetir o que estou falando. Meu objetivo é fazer com que eles compreendam o que estou dizendo e sigam as instruções das brincadeiras. A partir daí eles começam a entender o inglês e, quando se sentem à vontade, falar torna-se natural.”. “Já tive alunos de 2 anos falando frases inteiras sem nem perceber”, orgulha-se.
Segundo a educadora, apesar de parecer simples, dar aula para crianças requer muito jogo de cintura: “Cada criança é um ser único e completamente distinto. Não existe uma criança igual a outra. Então, para cada criança, a gente precisa agir de forma diferente.”. E foi exatamente por precisar aprender como lidar com um aluno desafiador, que batia nos colegas e a desestruturava com atitudes nada comportadas, é que Carolina Barra ganhou notoriedade.
“Eu sempre li muito sobre o educador português José Pacheco e sua metodologia. Aprendi com ele que quando apontamos os defeitos de uma criança acabamos rotulando aquela criança, que, por consequência, passa a reproduzir esse mau comportamento”, conta. “Comecei, então, a me perguntar se eu, como educadora, queria continuar a apenas apontar o dedo para aquele aluno – e voltar para casa frustrada, sem obter bons resultados – ou se eu deveria ajudá-lo a se comportar melhor. Fiquei com a segunda opção”, explica.
Foi aí que Carolina pensou em surpreender o aluno bagunceiro com uma atitude diferente e criou o que ela denomina de Pedagogia do Abraço. “Cada vez que ele fazia algo de errado, eu dava um abraço nele. Sem falar nada. Ele esperava que eu chamaria sua atenção e apontaria seus erros mais uma vez, mas, em lugar disso, ganhava um abraço”, detalha. “Ele ficou sem entender nada, parado na minha frente, como se esperasse por mais. Falei que ele podia ir e ele decidiu se sentar ao meu lado para fazer a atividade, ainda sem entender direito o que tinha acontecido. Ao final daquela aula, ele fez questão de me dar um abraço de despedida. A partir desse dia, ele foi mudando aos poucos”, relatou em sua rede social, em 2015, ano em que aconteceu o primeiro episódio. Em pouco tempo o post de Carolina viralizou e teve mais de 13 mil compartilhamentos.
Para a professora, muito mais que ajudar seu aluno, a Pedagogia do Abraço a transformou como pessoa: “Quando entendi e consegui colocar em prática essa educação mais afetiva, com amor, tudo mudou. Passei a realmente me importar com o que meus alunos estavam sentindo, tive uma mudança de olhar para eles.”. Segundo ela, por mais que pareça que, naquele momento, seu abraço era um “prêmio” para o mau comportamento do aluno, essa é uma visão distorcida da educação. “A criança não tem que ser condicionada a ganhar algo bom se faz uma coisa boa. Isso fazemos quando vamos adestrar um cachorro, por exemplo. A criança é um ser pensante e precisa entender os reais motivos das coisas para que ela tome ou não tome determinada atitude. Por isso, dar uma atenção positiva para a criança faz com que ela entenda que não precisa mais chamar a atenção de maneira negativa”, finaliza.
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