A pandemia do Coronavírus mudou, ao menos temporariamente, a forma de educar. O presencial deu lugar ao virtual e todos, na medida do possível, precisaram se adaptar rapidamente. A educação infantil, contudo, virou um capítulo à parte. “Apesar de em algumas creches e escolas crianças em idade pré-escolar já trabalharem com livros, aqui fazemos muito mais vivências e brincadeiras. Acreditamos que a educação deve ser divertida, despertar a curiosidade dos alunos”, explica Carolina Barra, Professora de inglês e Orientadora Pedagógica da Kindergarten Recreio.
Tanto em sala de aula, quanto virtualmente, Carolina segue o modelo que acredita: o da educação contagiante. “Na minha opinião a educação tradicional não funciona. Ela vê o aluno como um número ou até mesmo como um nome, mas não como um indivíduo que tem suas próprias inteligências, dificuldades, gostos, problemas e vontades. Ela simplesmente visa passar o conteúdo”, avalia. E afirma: “Isso nem é educação, é instrução. A educação é além disso, é olhar o indivíduo. A palavra educação significa etimologicamente ‘conduzir para fora’. Todas as crianças têm potencialidades e o trabalho da educação é fazer com que essas potencialidades apareçam, partindo das necessidades e interesses de cada um. A instrução faz o caminho inverso: ela tenta colocar o conteúdo externo para dentro do aluno”.
Segundo Carolina Barra, entusiasta da Pedagogia do Abraço , um dos grandes pilares dessa educação inovadora é a autonomia e, por isso, trabalhar esse novo modelo de educação com crianças tão pequenas é um desafio. Mas, se bem conduzido, pode render ótimos frutos. “Durante esse período de isolamento social propus aos alunos do Pré 2 iniciarmos um Projeto de Pesquisa à distância. Como eles ainda não são alfabetizados, os pais precisam fazer essa mediação, mas eu também me coloquei à disposição deles para ajudar em tudo”, conta.
E como é uma experiência nova para eles e em um período tão conturbado para todos, Carolina explica que nem todo mundo iniciou o projeto, mas alguns já estão fazendo ótimas descobertas. “Primeiro os pais deveriam perguntar o que a criança queria saber e porquê. Mas orientei que isso fosse feito não em forma de tarefa, mas como uma conversa descontraída. A ideia é que esse aprendizado parta da curiosidade deles”, aconselha. E avisa: “Não tem problema o questionamento ser uma coisa aparentemente boba. A partir dele é possível ir para diversos lugares. Incentive hipóteses (‘O que você acha que é?’, ‘Como isso pode acontecer?’, etc), faça experiências com o tema, instigue a imaginação”.
Em seguida, com as primeiras perguntas respondidas, Carolina orientou, individualmente, as próximas etapas do projeto. “Uma das crianças quis saber sobre terremoto e logo de início percebemos que ela estava confundindo com furacão. Orientei as pesquisas e em pouco tempo ela aprendeu não só sobre as perguntas iniciais, como também passeou virtualmente pelo Polo Sul. Quando falei novamente com elas os questionamentos já eram sobre dinossauros. E, nesse ponto, mãe e filha tiveram a iniciativa de comprar e ler um livro sobre o assunto, sem precisarem mais do meu incentivo. É maravilhoso ver como as crianças podem ir tão longe só com a curiosidade”, vibra a educadora, que também está envolvida com projetos de outros alunos. “Não existe um modelo certo de aprendizagem, muito pelo contrário. Se todos somos diferentes, porque temos que aprender da mesma maneira?”, questiona.
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